Mas e quando acabar?
O auxílio emergencial pago à população vulnerável e aos informais foi um grande acerto do governo federal para o enfrentamento da pandemia. É pago a 66,2 milhões de beneficiários mas alcança direta e indiretamente 125,4 milhões de brasileiros (mais da metade da população do país). Previsto inicialmente pra durar três meses, foi estendido por mais dois e possivelmente vai se manter até o fim do ano. É esse auxílio que está ajudando a manter alguma atividade econômica, entretanto não pode durar para sempre.
Com problemas fiscais graves, o governo gastou mais do que podia e não tem mais dinheiro para continuar essa ajuda. Os governadores insistindo em manter o fechamento de diversos setores como turismo, teatros, cinemas e restaurantes e parcialmente do comércio em geral e serviços, estão dificultando em muito a retomada da economia e essa população que precisa de oportunidades de trabalho dificilmente as encontrarão.
Os menos escolarizados que normalmente ocupam o setor de serviços encontrarão maior dificuldade em conseguir trabalho após a pandemia.
Quem perdeu renda e dependeu do auxílio – morador de periferia, com menos qualificação e sem carteira assinada- ficará ainda mais fragilizado. Calcula-se que 1 milhão e duzentas mil famílias migrarão da classe C para as classes D e E. Isso aumentará ainda mais a desigualdade social e dificultará o processo de retomada da economia, porque essas pessoas terão renda menor e piores condições dentro do mercado de trabalho, com uma recolocação que acontecerá de forma muito custosa e que no fim vai impactar o consumo.
O verdadeiro problema social do pós-pandemia será o desemprego, que pode chegar a 20%. Quanto mais se estender esse auxílio, quanto maior for a demora na reabertura da economia, maior será o impacto no país.
Fonte: Gazeta do Povo
por Fernanda Trisotto
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